O Amor Sangra( Love lies bleeding 2024)

The Story so far:

Lou falls in love with a female bodybuilder en route to a Las Vegas championship. As their relatioship grows stronger, troubles starts to amass.

Sinopse:

Lou se apaixona por uma fisiculturista a caminho de um campeonato em Las Vegas. À medida que o relacionamento deles fica mais forte, os problemas começam a se acumular.

Crítica:

O Amor Sangra/Love lies bleeding é um excelente filme, excetuando pequenos detalhes no roteiro, poderia ser um filme excepcional. Mesclando drama, suspense/thriller e pontualmente elementos de terror (necessários para organizar as relações de poder e afetivas entre os personagens) de forma muito equilibrada, o roteiro é fantástico mas ao abordar tantos gêneros diferentes, em certos momentos, ele se torna enfadonho. Mesmo com esta questão pontual, tornada irrelevante pelas ótimas atuações e uma direção solida, o filme é muito bom.

A trama é focada e ágil, o desenvolvimento dos personagens é bem marcado permitindo ao público criar empatia por eles e se interessar pelas relações estabelecidas na trama. O filme chama a atenção de forma positiva ao optar por uma narrativa não linear da história, trazendo aos poucos, o passado de cada indivíduo, deixando a trama ainda mais complexa.

Tecnicamente o filme é muito bom. A caracterização dos personagens e a ambientação são geniais e a fotografia se utiliza do cenário para criar um filme belíssimo apesar do cenário árido. Esteticamente o filme é positivamente diferente e instigante.

O Amor Sangra/Love lies bleeding é um drama consistente, encorpado pelos componentes de um complexo thriller e pontuado por elementos de suspense, realismo fantástico e em certa medida, terror. Existem elementos clássicos na construção dos personagens; há estereótipos que são necessários devido a ambientação do filme, que se passa na década de 80 e que são usados para dar profundidade as interpretações.

O filme tem somente três personagens com relevância. Ed Harris, que interpreta o principal antagonista, um clássico pai distante, absorvido pela carreira criminosa. Kristen Stewart interpreta a protagonista, uma mulher que em algum momento se deixou contaminar pela profissão do pai mas que se afastou da família devido a inseguranças e culpa. Katy O’Brian é a segunda protagonista e o fator de desequilíbrio entre Harris e Stewart, uma personagem sem vínculos afetivos, movida pelo desejo e objetivos, mesmo que estes sejam somente uma fantasia.

O Talento de Harris desequilibra o filme, ele completamente asfixia os demais personagens quando esta presente na cena; a frieza com a qual constrói o personagem (Lou Sr) impressiona pela credibilidade. Stewart é uma ótima atriz e sua personagem (Lou) demonstra ao mesmo tempo insegurança, fragilidade e imensa convicção e resolutividade, excelente atuação. O’Brian impressiona pela transformação física e complexidade da personagem (Jackie), sem se deixar intimidar, ela se marca presença disputando cada cena.

Dave Franco (JJ) e Jena Malone (Beth) tem ótimas porém limitadas atuações, com destaque para Franco que interpreta um personagem repulsivo de forma brilhante. Malone, bastante envelhecida pela maquiagem e efeitos especiais, mostra grande versatilidade.

Esta é o primeiro longa da diretora Rose Glass, que tem ótimos trabalhos em seus curtas. Glass tem predileção por abordar um lado sombrio da natureza humana, geralmente desnudando -por vezes literalmente- desejos e fantasias que a sociedade mantém controlada.

Os filmes de Glass apresentam uma estética singular, muitas vezes opondo fortes cores a uma fotografia predominantemente neutra. Esta opção torna o filme visualmente agradável e pontuado por surpresas á medida que somos surpreendidos, com cortes entre as cenas, onde surgem estes contrastes, geralmente pontuando um elemento da trama ligado ao desenvolvimento dos personagens, revelando algo que estava guardado e protegido.

Glass não se contenta em construir uma história presa a um gênero. Os filmes dela misturam ação, drama, suspense e terror (os monstros na concepção da diretora são os humanos e os comportamentos extremados ou os desejos sublimados ao ponto da erupção). Esta multiplicidade de opção tornam o filme cativante pois mantém nossa atenção presa constantemente.

O roteiro é focado no desenvolvimento dos personagens e na organização da trama, que ocorre de forma não linear, ampliando a complexidade da história e permitindo ao elenco desenvolver diferentes camadas de atuação. Glass tem participação na elaboração do roteiro em conjunto com outra diretora e roteirista, Weronika Tofilska, que tem mais experiência, inclusive como diretora. O resultado é agradável e positivo, o filme atinge todos os objetivo de maneira clara e eficiente.

Veredito:

O Amor Sangra/Love lies bleeding é um filme genial; especialmente se considerarmos que este é o primeiro longa da diretora. O roteiro, apesar de prender nossa atenção, seja pela história ou pelos elementos fantásticos, que pontualmente introduzem componentes de terror a trama, tende a se estender em outros momentos, as vezes, para desenvolver a visão estética e a fotografia.

Estes pequenos excessos e extravagância ajudam bastante a trama mas em alguns momentos tornam o filme cansativo. Para compensar, as atuações são fantásticas e dão vitalidade e potência a uma história quase irrepreensível. O filme tem fortes elementos eróticos que dominam o primeiro arco; nada ofensivo ou chocante. A violência é bem gráfica e lembra, em alguns momentos, obras como Reservoir Dogs (Cães de Aluguel) ou Pulp Fiction (Tempo de Violência).

O filme deve agradar uma audiência que busca um filme inteligente, que cobre diferentes gêneros como suspense e drama com toques de indie e ação.

Nota: 4/5

Avaliação: 4 de 5.

Sugestões de Filmes semelhantes:

Share:

1 comentário Adicione o seu

Deixe um comentário