Rubber, O Pneu Assassino (Rubber)

em

2010 ‧ Comédia/Terror ‧ 1h 25m

The Story so far:

The Tire, searching for some meaning in life, starts following it’s instincts.

Sinopse:

O Pneu, buscando por um sentido na vida, começa a seguir os instintos mais primitivos.

Crítica:

Rubber é um excelente filme e apesar de ter quase 15 anos, é um marco na carreira do diretor e roteirista Quentin Dupieux, um especialista em histórias nonsense e absurdas que mesclam diferentes gêneros como drama, suspense/thriller e pontualmente elementos de comédia, de forma muito equilibrada, o roteiro é fantástico e o desenvolvimento de tantos gênero permite uma trama é focada e ágil.

A falta de um personagem humano como protagonista torna o filme atraente pois deixa em aberto, para quem assiste, projetar no Pneu uma gama de afetos, desejos e interpretações. O final aberto, permite criar uma miríade de teorias sobre a intenção dos personagens. A busca por uma existência que tenha sentido é um tema central em grandes filmes e aqui, é tema central e importante para o entendimento da trama; não dar uma resposta para a audiência so torna a busca por um sentido ainda mais particular, e isso torna esta obra uma experiência singular e não um exercício de massificação de ideias.

Tecnicamente o filme é muito bom. A caracterização dos personagens e a ambientação são geniais e a fotografia se utiliza do cenário para criar um filme belíssimo. Esteticamente o filme é positivamente diferente e instigante.

Rubber é um drama consistente, encorpado pelos componentes de um complexo thriller e pontuado por elementos de suspense, realismo fantástico e em certa medida, comédia. A direção mantém o filme focado na trama e no desenvolvimento dos personagens. O roteiro é brilhante porém tem um desenvolvimento lento.

O filme tem somente um protagonista inusitado: O Pneu, um objeto dotado de vida (como afirma um dos personagens),consciência e desejos mas sem uma clara estrutura ética com a qual possa determinar o que constrói e o que destróis.

Estas qualidades humanas (algumas inclusive fetichistas) em um objeto nos alertam para a ideia de uma submissão aos nossos instintos mais primitivos e a redução das relações as nossas necessidades mais básicas, que nos aproximam do esfacelamento das normas que nos guiam enquanto sociedade. O filme, através da busca do Pneu por um sentido, e da interação dos outros personagens, nos alerta justamente para uma dualidade prejudicial.

Stephen Spinella (Lieutenant Chad) e Roxane Mesquida (Sheila) representam uma parte desta dualidade. Chad tem impulsos mais violentos e Sheila representa um desejo e uma necessidade de afeto positivo. Spinella e Mesquida tem ótimas atuações.

Wings Hauser (man on weelchair), Jack Plotnick (o contador) fazem parte de um segundo núcleo do filme. Hauser é um ótimo ator, infelizmente preso a atuações estereotipadas, tem algum destaque e entrega uma interpretação sólida. Plotnick consegue dar credibilidade a um dos personagens mais bizarros do cinema.

Quentin Dupieux, incontestavelmente o diretor e roteirista que melhor traduz a ideia de cinema do absurdo. Seus filmes são reflexivos, exploram elementos éticos, eróticos e de uma forma geral são disruptivos devido as tramas complexas e pautadas por uma realidade fantástica.

Os filmes de Dupieux, apresentam uma estética singular e sutil, sendo necessário prestar atenção a detalhes de posicionamento de câmera, iluminação e escolhas de conflitos, sempre optando por lidar com um mundo quase dual, onde um personagem esta em direto conflito com outro, mesmo que mais elementos estejam em cena.

Dupieux tem predileção por filmes que transitam em mais de um gênero. Comédia, drama e suspense são a base da trama. Esta multiplicidade de opção tornam o filme cativante pois mantém nossa atenção presa constantemente e tentando entender qual o foco da história.

O roteiro é focado no desenvolvimento dos personagens e na organização da trama, que ocorre de forma não linear, ampliando a complexidade da história e permitindo ao elenco desenvolver diferentes camadas de atuação.

Veredito:

Rubber é perturbador, intenso, disruptivo e absolutamente divertido. O roteiro prende nossa atenção, seja pela história ou pelos elementos fantásticos que, pontualmente introduzem componentes de violência

Alguns pequenos excessos e extravagância ajudam bastante a trama e as atuações são fantásticas e dão vitalidade e potência a uma história quase irrepreensível. O filme tem fortes elementos fetichistas que dominam as relações entre os protagonistas mas nada ofensivo ou chocante.

Os filmes de Dupieux representam perfeitamente o absurdo e o nonsense no cinema contemporâneo; tanto os diálogos quanto a organização da trama e a disposição do espaço e temporal são expandidas para englobar os personagens e a extravagância do enredo.

Deve agradar uma audiência que busca um filme inteligente, que cobre diferentes gêneros como suspense e drama com toques de uma violência cômica.

Nota: 4/5

Avaliação: 4 de 5.

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3 comentários Adicione o seu

  1. Qdo comecei a ler o post fiquei pensando: a sério que esse filme existe e foi bem realizado? rsrs Bem, fiquei curiosa em ver o filme. rs

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    1. Filmose disse:

      O diretor pode ser descrito como um gênio maluco. Apesar do título é uma aula de cinema. Caso veja, espero que comente e sugira o site como uma boa referência

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  2. SouthernComet98 disse:

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