A Conferência (Die Wannseekonferenz/The Conference)

em

2022 ‧ Guerra/Drama ‧ 1h 48m

Disclaimer: In Filmose we don’t support anything Nazi (neo or original). Below there is a photo of my grandfather took the day he was shipped from Brasil to fight the Nazis in Italy. We also know that history must not be ereased or else we risk repeat it.

Sargent Gerson Alvin and his wife (my grandmother Yedda circa 1943)

The Story so far:

On January 20, 1942, leading representatives of the German Nazi decides the fate of eleven million jews.

Sinopse:

Em 20 de Janeiro de 1942 uma elite de representantes do nazismo decide o destino de onze milhões de judeus.

Crítica:

A Conferência/The Conference é um filme brutalmente chocante. De uma forma poética porém não menos séria e intensa, desnuda e reduz o nazismo aos elementos mais básicos da ideologia: homens com medo do multiculturalismo e tão frágeis nas convicções que os guiam que imaginam somente uma maneira de existir: eliminando as demais culturas e o pensamento divergente.

O desenvolvimento dos personagens é fantástico e o roteiro muito bem trabalhado. A direção mantém o filme focado e apesar da sensibilidade, não deixa de denunciar os horrores do nazismo

Tecnicamente o filme é bom e uma ótima caracterização dos personagens. Visualmente, impressiona com sua cinematografia melancólica.

A Conferência/The Conference é um drama histórico sólido, com excelentes atuações, uma direção fantástica e um roteiro adaptado que trata do tema de maneira sóbria, delicada e inteligente; principalmente denunciando os horrores da racionalização nazista e a falta de humanidade presente na elite da Alemanha nazista.

Philipp Hochmair se destaca ao interpretar uma versão assustadora de Reinhard Heydrich. Frio, controlador, quase paternal na forma com a qual se dirige aos subordinados. Hochmair marca o filme com sua presença forte.

Johannes Allmayer interpreta Adolf Eichmann, que posteriormente ficaria famoso pelo julgamento que o condenou e permitiu que a filósofa Hanna Arendt cunhasse o terno “banalização do mal”; Allmayer, diferente de Hochmair, é sutil, tem uma presença quase apagada, uma víbora entre serpentes.

Godehard Giese (Dr. Wilhelm Stuckart), Rafael Stachowiak (Dr. Georg Leibbrandt) e Thomas Loibl (Friedrich Wilhelm Kritzinger) monopolizam os debates e dominam os espaços no segundo arco do filme, onde os elementos éticos e morais do nazismo são expostos em uma rudeza simplória.

Matti Geschonneck é um renomado diretor do cinema alemão, habituado a construir dramas tensos e marcados por um cenário claustrofóbico, limitado a poucos ambientes, mas que sempre se contaminam por elementos externos; uma metáfora aos estados autoritários e policiais que, invariavelmente, invadem a vida privada das pessoas.

Geschonneck prefere filmes que retratam conflitos sociais; revelando através das angústias dos personagens, o atual estado da política de uma nação; seja abordando temas aparentemente triviais, como a separação de um casal (Südstadt 2017) ou enfrentando o complexo tema do terrorismo (Das Verhör in der Nacht 2020), a intenção do diretor permanece a mesma: denunciar os abusos de políticas nefastas que, teimam em existir.

O roteiro contam com a experiência combinada de Magnus Vattrodt e Paul Mommertz que ja trabalharam com o diretor. Adaptar um evento histórico pode, a princípio, parecer mais fácil do que criar uma realidade nova, bastando contextualizar os evento.

Contudo, o exercício de organizar eventos históricos são mais trabalhosos pois requer não somente cuidado na forma (transformar os eventos do filme em uma comédia seria de mau gosto por exemplo) quanto no conteúdo (escolher o que deixar de fora poderia indicar um tipo de favorecimento), portanto, os méritos do filme residem em boa parte no roteiro fantástico.

Veredito:

A Conferência/The Conference é um drama sólido, inteligente e meticulosamente organizado, a partir dos aterradores memorandos da reunião, que decidiu pela eliminação de onze milhões de judeus na Europa. Os personagens são, em igual medida, cativantes e detestáveis em suas respectivas racionalizações que, acabariam por justificar o inaceitável.

Tecnicamente o filme é primoroso; a caracterização dos personagens, a iluminação, a ambientação e a sobriedade com a qual foi filmado, tornam o odioso evento, em uma aula de cinema. As brilhantes atuações tornam o filme atraente; assim como a direção e o roteiro, adaptado, diretamente dos memorandos do encontro. Reconhecer as qualidades do filme não é, de maneira alguma, um apoio a ideologia nazista.

Um bom filme para quem aprecia dramas históricos. Inegavelmente lento no desenvolvimento da trama mas a tensão e a sensibilidade com a qual explorar a deplorável ideologia nazista, denunciando o pior da humanidade, permitem uma ótima experiência.

Nota: 3/5

Avaliação: 3 de 5.

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1 comentário Adicione o seu

  1. Pensamento muito atual na Europa: “homens com medo do multiculturalismo e tão frágeis nas convicções que os guiam que imaginam somente uma maneira de existir: eliminando as demais culturas e o pensamento divergente.”

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