Vampiro Humanista busca suicida consensual (Vampire humaniste cherche suicidaire consentant/Vampire Seeking Consenting Suicidal Person)

em

2023 ‧ Terror/Fantasia ‧ 1h 30m

The Story so far:

Sarah is a vampire but she is not the killing type

Sinopse:

Sarah é uma vampira mas ela não gosta de matar.

Crítica:

Vampiro Humanista/Vampire humaniste/Vampire Seeking é um ótimo filme e mescla drama, suspense, comédia e pontualmente elementos de terror (necessários para organizar as relações de poder e afetivas entre os personagens) de forma muito equilibrada. O roteiro é fantástico mas ao abordar tantos gêneros diferentes, em certos momentos, ele se torna enfadonho. Mesmo com esta questão pontual, tornada irrelevante pelas ótimas atuações e uma direção solida, o filme é muito bom.

A trama é focada porém pouco ágil, necessário para o desenvolvimento dos personagens, permitindo ao público criar empatia por eles e se interessar pelas relações estabelecidas na trama. O roteiro aborda temas éticos importantes como eutanásia e o direito a morte assistida sem tornar o tema didático e explicativo; o que atesta a qualidade do roteiro em abordar algo tenso de forma inteligente.

Tecnicamente o filme é muito bom. A caracterização dos personagens e a ambientação são geniais e a fotografia se utiliza do cenário para criar um filme belíssimo apesar do cenário bucólico. Esteticamente o filme é positivamente diferente e instigante.

Vampiro Humanista/Vampire humaniste/Vampire Seeking é um suspense consistente, encopado pelos componentes de um complexo do drama e pontuado por elementos de comédia, realismo fantástico e em certa medida, terror. O filme é agradável e permite uma reflexão importante sobre temas, muitas vezes, considerados tabus.

O filme tem se organiza através da relação de dois personagens. Sara Montpetit interpreta a protagonista, Sasha, uma vampira com uma dificuldade inusitada: ela se reusa a matar para se alimentar. Mesmo com o apoio de alguns membros da família e atravessada pela crítica voraz da tia e prima, Sasha cresce protegida pelos pais, sem muitos amigos ou habilidades sociais. Montpetit tem uma atuação fantástica, demonstrando fragilidade e convicções férreas.

Félix-Antoine Bénard, que interpreta Paul, é o segundo protagonista do filme. Um rapaz angustiado, com problemas sociais, uma mãe carinhosa mas distante e uma visão tenebrosa do próprio futuro. Paul e Sasha se encontram por acaso e ambos constroem uma relação sólida, baseada na troca de experiências e busca pela superação de traumas.

A diretora e roteirista Ariane Louis-Seize, é uma diretora sólida e consistente. Vampiro Humanista/Vampire humaniste/Vampire Seeking é o primeiro longa metragem que dirige e roteiriza, neste caso, em parceria com Christine Doyon, cujos trabalhos também tem origem no circuito de curtas canadenses.

Como diretora Louis-Seize demonstra segurança na construção das cenas. O enquadramento é muito bom e o uso de closes para efeito dramático são utilizados de forma cirúrgica. Sendo este o primeiro trabalho mais complexo dela, existem poucas referências sobre o estilo e estética da diretora mas é possível destacar a boa fotografia e a confiança para se trabalhar com cenas noturnas.

O roteiro é inteligente, divertido e conciso. Os personagens são bem construídos, tem diversidade e são singulares, o que ajuda a cativar quem assiste pois as velhas fórmulas são abandonadas em prol de uma visão mais moderna e intimista da vida dos vampiros.

Veredito:

Vampiro Humanista/Vampire humaniste/Vampire Seeking é uma ótimo comédia (o humor não é utilizado como fonte de alívio mas uma defesa contra uma realidade mais dura e brutal, a diferença é sutil porém importante) com um suspense adequado para ajudar na organização da trama e circunscrita a um drama leve e inteligente. Os elementos de terror se limitam a ótima caracterização dos vampiros, principalmente com a introdução de alguns novos elementos mitológicos e psicológicos.

O ritmo, mais lento que os filmes de terror contemporâneos, (que voltaram a apostar nos subgêneros como gore e trash), é necessário para criar tensão, empatia com os personagens, além de estabelecer a grandiosidade da trama. Os fatores psicológicos e éticos (centrais para a história) precisam de tempo para serem desenvolvidos e isso explica o problema com o ritmo.

Quem aprecia um bom filme e ótimas interpretações que, apesar do ritmo mais lento, é divertido e perspicaz, irá gostar bastante desta produção canadense.

Nota: 4/5

Avaliação: 4 de 5.

Sugestões de Filmes semelhantes:

  • A dança dos Vampiros (Fearless Vamoire Killers 1967)
  • Drácula: morto mas feliz (Dracula: Dead and Loving It 1995)
  • A Repossuída (Repossessed 1990)
  • A Saga Crepúsculo (Twilight Saga 2008)
  • Circo dos Horrores – O Aprendiz de Vampiro (Cirque du Freak: The Vampire’s Assistant 2009)

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